quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Final 2008

Com pouco tempo para continuar as histórias, por mil afazeres à terminar. Passei só para dar um FELIZ 2009 para todos.
Recomeçaremos o ano que vem !

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Justificativas

Paramos a história um pouco para atualizarmos diversos programas, mas logo voltaremos

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Love Sotry in Lotação! Parte II

A corrida terminou !
Foi algo emocionante assistir a inauguração do autodromo de Tarumã.
Agora era correr para a parada de onibus e com o dinheiro traficado com as entradas revendidas voltar de onibus para POA.
Acho que tinha um zilhão de pessoas esperando onibus!
Após quinhentos onibus, chegou a nossa vez de subir.
Entramos meio tipo sardinha! Mais apertado que corpete em corpinho de balzaquiana do século XIX.
JL estava prensado entre uma crioula e uma loirosa! Juntas elas deviam ter quase 100 anos. Pela cara trabalhavam na Voluntários em POA.
E lá nos fomos nós em direção à POA na lotação super lotada!
E lá ia a lotação sacudidndo prá cá! sacudindo prá lá. freando! arrancando !
JL ali no meio, que nem salchicha em cachorro quente! prensadinho!!!
E a cara do JL!!! Sentimentos mil se passavam naquela cabecinha! Se movia no balanço da prensa com olhar abobalhado de cachorro perseguindo cadela no cio.
E lá ia a lotação sacudindo prá cá! sacudindo prá lá. freando! arrancando !
A blusa da crioula embaixo da manga era verde ! (Verde musgo de tanta sujeira).
A loirosa tinha alguns dentes! Acho que o baton pintará os outros ou então era gengiva mesmo!
E lá ia a lotação sacudindo prá cá! sacudindo prá lá. freando ! arrancando!
JL tremia! suava! Mas não descrudava das "gatas".
O Cheiro de perfume barato, logo misturou-se com o cheiro de "amor".
JL e seu olhar abobalhado de cachorro perseguindo cadela no cio nem se mexia.
Parecia que estava quase morto!
E lá ia a lotação sacudindo prá cá! sacundindo prá lá. freando! arrancando!
De repente deu-lhe uma tremedeira, os olhos reviraram! Abria a boca e a fechava! suspirava e gemia e PUTIZUMMMMMMMMM
A mulher deu um grito! todo mundo olhou!
O guri me mijou!!!
Caraca ! É o amor em lotação ! JL estava amando!!!!
JL com a cara de "perdidos na noite", olhava para todo mundo com a calça toda molhada!
E com jeito e cara de macho disse.
Foi amor ! É o amor! sacudi prá lá, sacudiu prá! Eu prensado ali!
deu no que deu....
Love story em lotação!
Tirou o casaco e amarrou na cintura, e desceu do onibus na praça da Matriz.
E sob o olhar das duas donzelas se foi em direção a rua Riachuelo caminhando com as pernas duras, lembrando a canção do Renato e seus Blue Caps.
O meu primeiro amor!!!

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Love Story in lotação by Tarumã - Parte 1

E chegou a grande inauguração do autodromo de Tarumã !
Dois dias antes, eu, o Indio e o JL combinamos de ir de carona para Porto Alegre e depois para Tarumã, assistir a inauguração do autodromo! Sexta-Feira 8 h da manhã começamos a nossa desventura heróica ! Saímos os três de calça Lee (americana), tênis Bamba ( O Tchã da época) e umas camisas que nós mesmo havíamos tingido com cordão amarados e tinta Jacaré!
Pegamos a estrada e pedindo stops, fomos caminhando em direção a Porto Alegre!
13 h e loucos de fome conseguimos chegar no posto da Polícia Rodoviária. Nenhum carro ou caminhão de sã consciência iria parar para aqueles três cabeludos!
Não sei doía mais o fato de não ter conseguido carona, ou os pés cheios de bolhas ou mesmo a barriga roncando de fome!
Dar volta seria o fim! Todos da quadra haviam assistido nossa saída triunfante !
Vamos em frente, centimetro por centimetro...
18 h e conseguimos chegar na Vila Lange (Atual Turuçu). Como não havia um idealizador da idéia de ir para Tarumã, tinha sido uma idéia dos três. Não se tinha a quem xingar!!!
E pedindo stop! e pedindo stop! Nada !!!
Até que uma Kombi parou! Corremos (acho que fica mais simpático que dizer nos arrastamos) até ela e desceu um senhor.
Perguntou aonde íamos e surpreso da nossa decisão, disse que nos levaria na Kombi, até Porto Alegre!
Porém teríamos que ir deitados em cima de uma caixas de bolachas que levava.
Bem, agora eu sei como um morto e uma sardinha se sentem. Entre o teto da Kombi e nós sobrava o espaço para colocar a mão e coçar a barriga ! Era um legítimo sarcófago !
22.30 Chegamos em Porto Alegre e descemos na Praça da Matriz ! Dali foi um pulo até a rua Riachuelo onde morava minha Tia e que nos dar a janta aquela noite.
Depois saímos para Tarumã, onde chegamos por volta da 1/2 noite.
dormimos no chão, na frente do portão principal. Éramos os primeiros da fila.
Quando abriu, entramos sem deixar os ingressos ( a ingenuidade do pessoal da portaria era bárbara).
Tanto que depois saí, para a pagar as luzes do meu (futur) carro e ganhei uma senha para poder voltar.
Vendi os ingressos que tínhamos como cambista (03) e com o dinheiro obtido podemos almoçar e ter dinheiro para voltar para POA de ônibus.
O Indio e o JL. ficaram lá guardando o meu lugar.
Assim participamos da inauguração do autodromo de Tarumã.
Mas depois da prova, que foi emocionante, teve o fato do Love Story, que conto a semana que vem ....

domingo, 3 de agosto de 2008

O Sapo Vermelho

Vô Vicente e Vó Zulmira ! Gritavam à beira do portão!!!
Marginal ! Stoporo ! Estropiciador de coisa alheia, velhaco, patife, devasso, ignóbil !!!
Marginal ! Stoporo ! Estropiciador de coisa alheia, velhaco, patife, devasso, ignóbil !!!

Dentro do Fuca vermelho reluzante, amassado na trazeira jaziam estupefatos Gordo; o passageiro e Indio o motorista frustrado. Os ladrões do Sapo Vermelho!
Tudo começou quando o pai do Indio comprou um Fuca vermelho! Mais vermelho era impossível, reluzente e moderno.
Sem garagem em casa, levou o Fuca para a casa do pai, Seu Vicente, o avô do Indio.
Sem resistir a saída do colégio Assis Brasil e a dezenas de normalistas que passavam na calçada. O Indio roubo o fuca para dar uma de bacana para as moças !!!
Chamou seu cúmplice preferido ! O Gordo.
Tiraram da garagem o fuca empurrando e preparam o passeio diante das normalistas. Na saída da garagem, já rasparam o paralama no portão!
Dona Zulmira percebeu o barullho e correu a chamar o Seu Vicente que descansava na sala.
Vicente ! Vicente ! Tão roubando o Fuca !!!
Saindo pela rua Anchieta que nem "Sapo", pois o motorista de direção nada sabia e muito menos de embreagem. Saíram em direção ao colégio Assis Brasil, e lá foram os dois aventureiros.
E o fuca ora saltava, engasgava, saltava de novo, engasgava, parecia um Sapo Vermelho!
Mas os dois delinquentes com os bancos bem deitados, deixavam aparecer só uma parte da cabeça. Óculos escuros! Jaqueta Lee, chamavam a atenção de todas as raparigas do colégio que passavma na calçada.
Passaram lá na frente de casa e fizeram questão de buzinar. PÕE BUZINAR !!!
Corremos à porta e la estava o fuca, o "Sapo Vermelho", que saltitando continuou sua trajetória.
E os dois bem faceiros!!! Nem olhavam pelo espelho o coitado do velho Vicente que corria atrás, gritando e com cara de quem ia ter um enfarte!
Ao vermos a cena, nos preparamos para o show!!! Corremos para perto da casa do seu Vicente e da dona Zulmira.
Mas o motorista do Sapo Vermelho ao ver tanta moça, quis ainda dar uma demonstração de habilidade ( Segundo seu Vicente mais uma atitude de sua índole de malfeitor) e ao acelerar forte na curva, foi amassar a trazeira do Fuca e quase derrubar o muro da Igreja da Luz.
Assim os dois facínoras e sem cárater , como dizia dona Zulmira, acumularam mais uma façanha de sua delinquência bem frente do Seu Vicente que continuava a correr gesticulando e gritando.
Marginal ! Stoporo ! Estropiciador de coisa alheia, velhaco, patife, devasso, ignóbil !!!
Aí com o Sapo Vermelho amassado, afogado e em cima da calçada foram alcançados pelo seu Vicente e tiveram que voltar empurrando o fuca por quatro quadras,até a casa do seu Vicente.
O desfavorecido automóvel foi colocado garagem à dentro ! E a cena drámatica e cômica para quem da calçada assistia, começou !
Marginal ! Stoporo ! Estropiciador de coisa alheia, velhaco, patife, devasso, ignóbil !!!
Marginal ! Stoporo ! Estropiciador de coisa alheia, velhaco, patife, devasso, ignóbil !!!
O Indio corria e o seu Vicente com a vara de Marmelo atrás!
O Pobre do cúmplice, desajeitado e sem palavras, se encolhia diante do olhar de Dona Zulmira que com dedo gesticulava e dizia !
Velhaco ! desencaminhador do meu neto! Marginal !
Seu Vicente não conseguiu alcançar o Indio e o Gordo fugiu para sua casa..
E o Sapo Vermelho ! Sumiu dias depois da garagem do seu Vicente. Nunca mais foi visto por nenhum de nós e os famigerados delinquentes, não pararam por aí, mas começavam a tramar novas aventuras que depois eu conto...

domingo, 27 de julho de 2008

O Baile

Todo o jovem tem lembranças dos belos períodos de sua adolescência.
Hoje, recordo o ZOO.
As danças,o ato de tentar dançar, namorar e dançar esta era a diversão na década de 60. Jorginho resolveu namorar e a escolha caiu sobre a Marilda. A filha do Proalcool!!!
Juntos, o pai dela e o irmão já haviam bebido mais cachaça que o resto da quadra inteiro. Eles eram o prótipo daquilo que só se move movido a alcool e ainda bem, para eles, que naquela época não havia lei seca.
A Marilda foi convidada para uma festa e logo convidou o Jorginho. Jorginho nos convidou e lá fomos nós todos . A festa era ali perto, na outra quadra e cedo chegamos lá.
Mas ao entrar...
Cara! ali estavam reunidas, segundo nossa concepção de beleza na época um ZOO.
Era um baile no ZOO. Tu olhava para um lado e era susto depois de susto, E a luz ainda estava acesa!!!
Tu olhava para o outro lado e via todas as figurantes de algum filme de terror!! Na tua frente era pior! Tete, a dona da casa e as quatro filhas. Olhando para nós, como cachorro olha para linguiça!
Cara, finalmente, atrás de nós com a porta já fechada e chaveada, para evitar a nossa fuga! Quatro meninas (descobrimos que eram menina depois)
Pensei, aqui só tem forma para fazer diabo!!!
Dona Tete, cruzou os braços e entregou para cada um de nós um papelzinho com um número.
Fez o mesmo para as medonhas ali presentes...
Dona Tete foi lá e ligou a vitrola e colocou um disco do Jerry Adriane para tocar.
Piorou...
Me lembro que só se ouvia um trec trec trec trec trec. tremendo na gurizada.
Eram os joelhos e os queixos tremendo ao pensarem... putz e se peguei aquela,e se foi aquela outra ou aquela horrenda que não tinha espelho em casa e saia pra rua de dia(era a tardinha).
Ai um milagre aconteceu, a Dona Tete apagou algumas das luzes para ver se o baile começava.
Piorou.... Feio no escuro nem em cemitério, mas era pior em baile....
E ninguém começava a dançar... E as medonhas nos olhando e a porta trancada!
Ai Jorginho falou o seguinte! A mãe da Marilda era amiga de infância da Dona Tete.
Putz foi uma luz para entender porque o pai e o irmão eram pau d'àgua!
Era terror o dia inteiro !
As medonha eram parente...
E o baile nada. Aí a Tete se inflamou e disse as meninas é que vão chamar os meninos pelos números que tem!
Meninas eram as medonhas as membras honorárias do ZOO.
E assim o baile começou.
Pelo pavor vivido e o horror enfrentado no Zoo. Não consigo lembrar quem foi meu par.
A lembrança que tenho era a de um elefante de mini saia, e com a tromba torta para assustar mais.

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Curiosidades da Quadra.... Myssifufe

A quadra era cheia de surpresas curiosas e engraçadas....

O Myssifufe.

Myssifufe era um gato que o Rogério tinha. Era um gato cheio de manias e tratado a pão de ló, com direito a sofá e colinho. Myssifufe era tri conhecido na quadra, pelas manias do Rogério e pelas proezas que fazia e que eram contadas aos quatro ventos.
O papo era assim; cara o meu gato é tri legal e acho que até é inteligente, pois faz cada coisa que nem eu consigo ( Tá certo voces podem pensar que o Rogério erá meio burro), na verdade era mas daí achar que o gato era inteligente e que até fazias contas batendo a patinha no chão!
Tem dó.
Alegava que seu gato gostava de climas quentes e que detestava o frio e assim, andava com gato com um cobertorzinho de nene e uma manta
A verdade foi que de tanto se falar no tal gato, e das doidices do seu dono, o Myssifufe ganhou notariedade na quadra.
Rogério, precisando de mais status saía, de vez em quando, a passear com o tal do gato nos braços. (Parecia uma bicha louca abraçado no bichano). Os dois bem perfumados com perfume Lancaster (Moda da época).
Toda a semana, na reunião da turma no muro da D.Ricardina se escutava uma aventura do Myssifufe. O Gato já era mais popular que o queque do Atanasildo vendido no armazém da esquina.
Então Myssifufe desapareceu...
Uma tragédia para a família Coelho.
Mas antes do desaparecimento...
Aconteceu que fomos pescar na barra dos molhes no Cassino. O Rogério não foi envolvido que estava em aprender a tocar no violão uma musica chamada "A estrada de joca", conforme chamava.
Na volta, deixamos os caniços com anzol e algumas iscas no pátio da casa do Gordo!
Com os pais dele saindo de viagem, foi ele passar uns dias na casa do seu Vicente e da dona Zulmira.
Myssifufe desaparecido! Era só o que se escutava. Rogério batendo de porta em porta nas casas da quadra. Foi até na casa da Iolanda ! A casa da Iolanda era uma casa de tolerância. Na época era tudo o que sabíamos a respeito.
Continuando as buscas até cartazes fizemos, prometendo recompensa para quem desse o paradeiro do bichano. Mas, nada de nada.
Acreditavamos que depois de tanta bichiche o gato tivesse se apaixonado pelo "Alfredinho", uma bicha velha que andava de bicicleta pela quadra olhando para todos os guris. como não conseguirá atrair ninguém, havia raptado o bichano.
Mas nada do Myssifufe.
A triste verdade apareceu, quando os pais do Gordo voltaram, uma semana depois!
Um fedor de bicho morto na garagem, na casa, no pátio.
E lá em um caniço de miraguaia a triste verdade.
Myssifufe estava dependurado num anzol e mortinho da silva.
Uma tragédia ! Uma desgraça! Todos achamos que foi suicídio, pois ele, o bichano, já tinha aguentado o Rogério de mais.
Cheado a hora da verdade, nos perguntavamos se seria o caso de contar ou não contar para o Rogério? Optamos por não contar sobre o suicídio do gato.
Afinal não queríamos perder o amigo!
Um enterro quem nem os militares faziam na época, providenciamos. Assim, o bichano foi bem enterrado a noite, no pátio da torre da Embratel (Em uma cova clandestina é óbvio).
Rogério nunca soube o que aconteceu com o Myssifufe, e acredito que as suas viagens para o norte do país devem ser pelo fato de ainda hoje estar procurando o Myssifufe por lá

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Zooommmmppppp

Na quadra morava o Dr. Bento e dona Terezinha. A novidade que eles trouxeram foi a compra do aparelho Telefunkem de televisão. O troço parecia mais uma vitrola, daquelas de tocar disco que já conheciamos. Os filhos do Dr. Bento não se fizeram de rogado, quando chegou o primeiro aparato da modernidade na quadra. Anunicaram a todo mundo.
Já temos uma televisão!
Todo mundo ficou sabendo e curioso para saber o que era uma televisão!
O Dr. Bento muito gentilmente colocou o aparelho na sua sala de visitas, virado para a porta da rua, a pedido dos filhos que queriam que os amigos vissem a tal da televisão.
Me explico! Abrindo a porta da casa, se via o tal do troço que prometia passar filmes e imagens como se via no cinema, de forma que todos o enxergassem.O Dr. Bento aguardou ainda uma semana para ligar o troço, enquanto uns caras, em cima do telhado, colocavam um esquisito amontoado de ferros e canos presos com arames, que mais pareciam um artefato militar. Era uma antena!
A grande inauguração para o pessoal da quadra foi marcada. (inauguração para a gurizada que foi convidada pelos filhos, Tatuí, Gordo e Capacete a irem assistir). No dia marcado para a vitrola televisão ser ligada, todos fomos convidados a sentar na calçada e assisitir o grande lançamento do ano "Águia Negra".
Colocamos a melhor roupa e fomos para a calçada na frente da casa. Aglomerados na porta, pelos degraus de acesso esperamos ansiosos o horário da televisão entrar no ar, com o filme prometido.
A algazarra feita, parecia aquela que se via nas matinés de cinema. Muita gritaria. gente trocando gibi (revistas em quadrinhos). Só faltava alguém estar vendendo balas "Tarzam"e chiclete ping-pong. Bem, se tinha eu não vi, pois sentado na primeira fila nem me mexia para não perder o lugar.
Chegado o horário e após o sermão do Dr. Bento, sobre silêncio e etc.etc., o aparelho foi ligado.
Nada ! Só um bando de bocós olhando um caixa com uma luz cinza acesa!
Um ruído estranho e muitas palmas, assobios e gritos.
Então uma chiadeira daquelas...
Depois chuviscos, chuviscos, linhas que corriam de baixo para cima e mais chiados e chiados.
Todo mundo batia palmas! Dona Terezinha estava emocionada e só dizia "que maravilha", que "coisa linda", o que é o progresso.
Nós nõ viámos nada de nada...
Dr. Bento suava a careca, mexendo botões e rodas que tinham na frente da tal de vitrola televisão e nada. Só barulho !
Então! Num relance mágico surgiu uma imagem composta por pontos brancos, cinzas e pretos que se mexiam! Ora para um lado. Ora para cima e para baixo. Mas a vibração foi geral, pois alguém gritou: Olha, é o Águia Negra !!! Ainda hoje eu acho que foi o Dr. Bento querenos nos seugestionar. Foi uma gritaria e um bater de palmas etrondoso.
Sinceramente, não vi nada! (Cheguei a pensar que precisava de óculos).
Mas então, finalmente veio a imagem e o som. Entre chiados, riscos e linhas horizontais que apareciam, assistimos extasiados o Águia Negra dar um soco em um cara mal encarado e s ecutar um ...
ZOOOMMMMMPPP
E a tal da vitrola desligou e ficamos todos aguardando o próximo convite para assistir televisão...

sexta-feira, 27 de junho de 2008

As Hawaianas

Mas bah tchê! Ganhar umas hawaianas na década de 60 era coisa chique! Que diga o Jorginho!

A turma resolveu jogar futebol. Pegamos alguns galhos de árvores, fizemos as goleiras e com as sobras fechamos a rua. Não passava mais carro no nosso campo de futebol. E começamos o jogo com todas as meninas da quadra nos olhando. Éramos os craques do futuro, dando uma palinha no meio da rua.
Não me lembro quanto tava o jogo. Lembro apena da sirene da Rural e do Opala da Brigada Militar. Naquela época tinha pouco ladrão e a brigada ficava pegando menor que jogava bola na calçada ou no meio da rua. Aliás nem era brigada! Eram os Pedro Paulo, com capacete branco e cara de idiota.
Chegaram com a sirene aberta e foi uma correria daquelas. Fugiu gente prá todo o lado. Dei azar de fugir com o Jorginho, que no meio da correria para a praça se lembrou das Hawaianas novas que deixara do lado da goleira!
E aí, amigo é prá essas coisas voltamos os dois para buscar as tais das Hawainas. Reconhecidos pela lei, fomos presos. ( Nossa primeira prisão).
Temendo por nosso futuro, ainda tivemos coragem de pedir para o chefe dos Pedro e Paulo se dava pelo menos para nos levar de Opala e não na Rural!
Mas preso não tem direito, ao menos naquela época não tinha e fomos mesmo de Rural, cercados por três Pedro e Paulo com caras de pouco amigos.
Na delegacia, nos mandaram para o fórun, Éramos menores "delinquentes"! E aí fomos conhecer o juizado de menores da cidade.
Na porta! Seu Marcelino, pai do Jorginho. Avisado que fora por dona Eponina, nos aguarda com cara de poucos amigos e foi nos levando pelo braço xingando até defronte o juiz!
Lá estava meio time! Até meu primo de Brasília que era reserva tinha sido preso porque estava no banco. Não jogava, mas era cúmplice ! Que coisa heim? Bem, continuava no banco, agora da cadeia!
Escutamos um discurso do Juiz, o qual tentava de todas maneiras nos colocar no bom caminho e nos alertava sobre a marginalidade e a delinquência. Nos falou então da dona Gertrudes, nossa vizinha que havia feito a denúncia e que pedia providências sobre os delinquentes da rua, nós. Ve se pode!!!
Com a bunda doendo de ficar 4 horas no banco do juizado, fomos finalmente libertados pelo aval do seu Marcelino, que voltará mais tarde para falar novamente com o juiz.
Tivemos que voltar a pé! Nem Rural e nem Opala. Mas o Jorginho estava feliz, pois havia recuperado as suas Hawaianas...
No trajeto de vota! Os delinquentes arquitetavam uma vingança contra dona Gertrudes!
Isto jé eram umas 11 horas da noite.
Chegando na quadra, fomos até o armazém do pai do "Tens". O Tens era um cara legal que fumava cigarro Minister, mas nunca comprava e nem pegava na venda do pai! Olhava o pessoal da turma de longe e gritava "Tens"? Fazendo o clássico sinal de um cigarro entre os dois dedos.
Pegamos uma lata de banha. Daquelas de 40 litros. Enchemos de água com sabão em pó e a apoiamos na porta da casa da Dona Gertrudes, de forma que quando abrisse a porta a lata derrama-se nos seus pés toda a água. Colamos um esparadrapo na campainha e saimos em desabalada carreira, desta vez sem esquecer as Hawaianas.
Não sabemos o que aconteceu, mas eu imagino até hoje como ela xingou os delinquentes da quadra....

domingo, 22 de junho de 2008

Sem...

As férias acabaram...
Voltamos para casa. A rua, a quadra, a turma. Todos estavm lá de volta!
As novidades vinham do Tatuí. Havia ganho uma bicicleta "Monareta"nova.
Na quadra a novidade, eram as filhas do Ibirá. 3 morenas e uma loira que tiravam o folego da gurizada.
E lá estava o Tatuí de bicicleta a se exibir para elas...
Nós, sentados no muro. Ficavamos a tudo olhavando morrendo de inveja.
E lá vinha o Tatuí de monareta! zum e zum prá lá e prá cá.
Como um galanteador moderno. Ele andava montado em sua gloriosa bicliceta, e começou a mostrar suas habilidades andando de forma impetuosa na calçada.
Por entre as pessoas e os postes corria ele de forma a se mostrar cada vez mais.
Nós de um lado da rua e ele no outro. Passando na frente da casa das filhas do Ibirá.
As meninas na janela, admiravam a sua destreza.
Provocativo, ainda nos olhava e gritava!
Olhem só; sem uma mão... zum e zum prá lá e prá cá.
Olhem só; sem um pé e sem uma mão ... zum e zum prá lá e prá cá.
E nós morrendo de inveja.
Rogando praga!!!!
As meninas olhavam o novo "super herói"da quadra. Não tinham nem tempo de nos enxergarem.
E lá ia e vinha o Tatuí. E sempre gritando, com sua potente voz.
E aí gurizada...

Olhem só; sem uma mão... zum e zum prá lá e prá cá.
Olhem só; sem um pé e sem uma mão... zum e zum prá lá e prá cá.
Olhem só; sem as duas mãos.....
Olhem só; sem as duas mãos e um pé.....
BRBGERYSFJTYUGSDFJ@#@#@&&*&%^&!!!!!
No outro dia éramos nós que gritavamos
Olha só; lá vem ele, sem a monareta e sem os dentes...

hihihihiihihihihihi

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Pequena história acidentada...

Tinha lá eu, cerca de 10 ou 11 anos, quando tive minha primeira experiência de racismo.
Papai e mamãe foram viajar, e nós fomos ficar na vila com vovó.
Todos faceiros com revolveres de metal e cinturões de plástico, fomos para a vila brincar de mocinho e bandido.
Montados em nossos cavalos puro sangue de cabo de vassoura, troteando pela rua, logo avistamos um grupo.
Um menino e três meninas, nos olhavam curiosos.
Na esquina, preto que nem tição estava Pelé.
Pelé era nosso vizinho e era metido a goleiro de futebol. Seu tio, Jorge era o goleiro do time da vila. Meio frangueiro, mas era o dono da bola e portanto, jogava na posição que queria. Queria ser goleiro!
Ficou goleiro!
Pelé nos viu faceiros e pediu para entrar na brincadeira!
Tivemos que deixar, pois afinal trazia com eles suas três amigas loiras e sardentas que moravam ao lado da sua casa, e que todos dos dias espiávamos nas frestas da cerca de bambu, brincando de boneca.
Éramos quatro. Roy Rogers, Tim Dale, Zorro e Tonto. Todos heróis e o Pelé, seria o que?
Muita conversa jogada fora e Pelé foi escolhido como Búfalo Sentado! Bem, me explico. Preto tinha que ser Búfalo, afinal só conheciamos Touro Zebu que era branco ou era vermelho.
Preto ou era holandes ou búfalo...
Holandes Sentado era rídiculo até mesmo para o Pelé. Na Holanda só tinha alemão...
E assim teve início a aventura.
Búfalo Sentado, havia atacado as mocinhas que moravam na rua e roubado delas, cinco pedaços de tijolo furado que eram as moedas e fugiu para o campo.
As mocinhas, as três meninas da vila que nos achavam o máximo, pois morávamos na cidade, desempenharam seus papéis com muita alegria e gritos para chamarem a nossa atenção.
Fomos lá e ficamos conversando, afinal queríamos conhecer as gurias...
E o Pelé, alías, Búfalo Sentado, corria pela rua rumo ao campo e o mato próximo.
Lá saímos nós, depois de muita conversa atrás do malvado. Os heróis, atrás do índio bandido.
Pelé, gordo como era correu pouco e logo se escondeu atrás de uma árvore e ali ficou quieto, que nem criança cagada. Cansado, acabou pegando no sono.
Chegamos de mansinho e com nossas cordas, amarramos o Pelé na árvore. Bem amarrado.
Vendanos os olhos e colocamos uma mordaça!
E ficamos sentado olhando, para ver o que fazer?
Foi quando vovó gritou!
Crianças, venham almoçar! Hoje tem batata frita!
Assim, saímos em desabalada corrida para casa.
Almoço, sestia, lanche do café, revistinhas de faroeste pare ler e o dia foi passando. Ainda mais que as gurias estavam na frente de casa convesando com nossa irmã.
E as horas correndo...
A tardinha batem na porta! Seu Jorge!
Pergunta assustado se tinhamos visto o Pelé!
Estava preocupado, afinal disse ele. Aquele gordinho não perde uma refeição e até agora não apareceu...
Achei que ele estava aqui! disse seu Jorge para vovó.
Foi quando nos lembramos.... Putz ! Deixamos o Pelé amarrado na árvore!
Tentamos explicar, e acabamos saindo correndo para o campo...
Lá fomos nós correndo, vovó e seu Jorge corriam atrás.
Chegando lá. Que cena!
Pelé estava todo cagado, mas, continuava amarrado na árvore.
Soltamos o Pelé que foi embora chorando e fedendo com seu Jorge para casa.
Vovó, nos falava furiosa do nosso comportamento, dizendo que iria contar para mamãe e papai quando voltassem da viagem.
Quando!
Um grito!
Era o Pelé.
Pessoal, amanhã quem fica amarrado na árvore é outro....