domingo, 27 de julho de 2008

O Baile

Todo o jovem tem lembranças dos belos períodos de sua adolescência.
Hoje, recordo o ZOO.
As danças,o ato de tentar dançar, namorar e dançar esta era a diversão na década de 60. Jorginho resolveu namorar e a escolha caiu sobre a Marilda. A filha do Proalcool!!!
Juntos, o pai dela e o irmão já haviam bebido mais cachaça que o resto da quadra inteiro. Eles eram o prótipo daquilo que só se move movido a alcool e ainda bem, para eles, que naquela época não havia lei seca.
A Marilda foi convidada para uma festa e logo convidou o Jorginho. Jorginho nos convidou e lá fomos nós todos . A festa era ali perto, na outra quadra e cedo chegamos lá.
Mas ao entrar...
Cara! ali estavam reunidas, segundo nossa concepção de beleza na época um ZOO.
Era um baile no ZOO. Tu olhava para um lado e era susto depois de susto, E a luz ainda estava acesa!!!
Tu olhava para o outro lado e via todas as figurantes de algum filme de terror!! Na tua frente era pior! Tete, a dona da casa e as quatro filhas. Olhando para nós, como cachorro olha para linguiça!
Cara, finalmente, atrás de nós com a porta já fechada e chaveada, para evitar a nossa fuga! Quatro meninas (descobrimos que eram menina depois)
Pensei, aqui só tem forma para fazer diabo!!!
Dona Tete, cruzou os braços e entregou para cada um de nós um papelzinho com um número.
Fez o mesmo para as medonhas ali presentes...
Dona Tete foi lá e ligou a vitrola e colocou um disco do Jerry Adriane para tocar.
Piorou...
Me lembro que só se ouvia um trec trec trec trec trec. tremendo na gurizada.
Eram os joelhos e os queixos tremendo ao pensarem... putz e se peguei aquela,e se foi aquela outra ou aquela horrenda que não tinha espelho em casa e saia pra rua de dia(era a tardinha).
Ai um milagre aconteceu, a Dona Tete apagou algumas das luzes para ver se o baile começava.
Piorou.... Feio no escuro nem em cemitério, mas era pior em baile....
E ninguém começava a dançar... E as medonhas nos olhando e a porta trancada!
Ai Jorginho falou o seguinte! A mãe da Marilda era amiga de infância da Dona Tete.
Putz foi uma luz para entender porque o pai e o irmão eram pau d'àgua!
Era terror o dia inteiro !
As medonha eram parente...
E o baile nada. Aí a Tete se inflamou e disse as meninas é que vão chamar os meninos pelos números que tem!
Meninas eram as medonhas as membras honorárias do ZOO.
E assim o baile começou.
Pelo pavor vivido e o horror enfrentado no Zoo. Não consigo lembrar quem foi meu par.
A lembrança que tenho era a de um elefante de mini saia, e com a tromba torta para assustar mais.

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Curiosidades da Quadra.... Myssifufe

A quadra era cheia de surpresas curiosas e engraçadas....

O Myssifufe.

Myssifufe era um gato que o Rogério tinha. Era um gato cheio de manias e tratado a pão de ló, com direito a sofá e colinho. Myssifufe era tri conhecido na quadra, pelas manias do Rogério e pelas proezas que fazia e que eram contadas aos quatro ventos.
O papo era assim; cara o meu gato é tri legal e acho que até é inteligente, pois faz cada coisa que nem eu consigo ( Tá certo voces podem pensar que o Rogério erá meio burro), na verdade era mas daí achar que o gato era inteligente e que até fazias contas batendo a patinha no chão!
Tem dó.
Alegava que seu gato gostava de climas quentes e que detestava o frio e assim, andava com gato com um cobertorzinho de nene e uma manta
A verdade foi que de tanto se falar no tal gato, e das doidices do seu dono, o Myssifufe ganhou notariedade na quadra.
Rogério, precisando de mais status saía, de vez em quando, a passear com o tal do gato nos braços. (Parecia uma bicha louca abraçado no bichano). Os dois bem perfumados com perfume Lancaster (Moda da época).
Toda a semana, na reunião da turma no muro da D.Ricardina se escutava uma aventura do Myssifufe. O Gato já era mais popular que o queque do Atanasildo vendido no armazém da esquina.
Então Myssifufe desapareceu...
Uma tragédia para a família Coelho.
Mas antes do desaparecimento...
Aconteceu que fomos pescar na barra dos molhes no Cassino. O Rogério não foi envolvido que estava em aprender a tocar no violão uma musica chamada "A estrada de joca", conforme chamava.
Na volta, deixamos os caniços com anzol e algumas iscas no pátio da casa do Gordo!
Com os pais dele saindo de viagem, foi ele passar uns dias na casa do seu Vicente e da dona Zulmira.
Myssifufe desaparecido! Era só o que se escutava. Rogério batendo de porta em porta nas casas da quadra. Foi até na casa da Iolanda ! A casa da Iolanda era uma casa de tolerância. Na época era tudo o que sabíamos a respeito.
Continuando as buscas até cartazes fizemos, prometendo recompensa para quem desse o paradeiro do bichano. Mas, nada de nada.
Acreditavamos que depois de tanta bichiche o gato tivesse se apaixonado pelo "Alfredinho", uma bicha velha que andava de bicicleta pela quadra olhando para todos os guris. como não conseguirá atrair ninguém, havia raptado o bichano.
Mas nada do Myssifufe.
A triste verdade apareceu, quando os pais do Gordo voltaram, uma semana depois!
Um fedor de bicho morto na garagem, na casa, no pátio.
E lá em um caniço de miraguaia a triste verdade.
Myssifufe estava dependurado num anzol e mortinho da silva.
Uma tragédia ! Uma desgraça! Todos achamos que foi suicídio, pois ele, o bichano, já tinha aguentado o Rogério de mais.
Cheado a hora da verdade, nos perguntavamos se seria o caso de contar ou não contar para o Rogério? Optamos por não contar sobre o suicídio do gato.
Afinal não queríamos perder o amigo!
Um enterro quem nem os militares faziam na época, providenciamos. Assim, o bichano foi bem enterrado a noite, no pátio da torre da Embratel (Em uma cova clandestina é óbvio).
Rogério nunca soube o que aconteceu com o Myssifufe, e acredito que as suas viagens para o norte do país devem ser pelo fato de ainda hoje estar procurando o Myssifufe por lá

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Zooommmmppppp

Na quadra morava o Dr. Bento e dona Terezinha. A novidade que eles trouxeram foi a compra do aparelho Telefunkem de televisão. O troço parecia mais uma vitrola, daquelas de tocar disco que já conheciamos. Os filhos do Dr. Bento não se fizeram de rogado, quando chegou o primeiro aparato da modernidade na quadra. Anunicaram a todo mundo.
Já temos uma televisão!
Todo mundo ficou sabendo e curioso para saber o que era uma televisão!
O Dr. Bento muito gentilmente colocou o aparelho na sua sala de visitas, virado para a porta da rua, a pedido dos filhos que queriam que os amigos vissem a tal da televisão.
Me explico! Abrindo a porta da casa, se via o tal do troço que prometia passar filmes e imagens como se via no cinema, de forma que todos o enxergassem.O Dr. Bento aguardou ainda uma semana para ligar o troço, enquanto uns caras, em cima do telhado, colocavam um esquisito amontoado de ferros e canos presos com arames, que mais pareciam um artefato militar. Era uma antena!
A grande inauguração para o pessoal da quadra foi marcada. (inauguração para a gurizada que foi convidada pelos filhos, Tatuí, Gordo e Capacete a irem assistir). No dia marcado para a vitrola televisão ser ligada, todos fomos convidados a sentar na calçada e assisitir o grande lançamento do ano "Águia Negra".
Colocamos a melhor roupa e fomos para a calçada na frente da casa. Aglomerados na porta, pelos degraus de acesso esperamos ansiosos o horário da televisão entrar no ar, com o filme prometido.
A algazarra feita, parecia aquela que se via nas matinés de cinema. Muita gritaria. gente trocando gibi (revistas em quadrinhos). Só faltava alguém estar vendendo balas "Tarzam"e chiclete ping-pong. Bem, se tinha eu não vi, pois sentado na primeira fila nem me mexia para não perder o lugar.
Chegado o horário e após o sermão do Dr. Bento, sobre silêncio e etc.etc., o aparelho foi ligado.
Nada ! Só um bando de bocós olhando um caixa com uma luz cinza acesa!
Um ruído estranho e muitas palmas, assobios e gritos.
Então uma chiadeira daquelas...
Depois chuviscos, chuviscos, linhas que corriam de baixo para cima e mais chiados e chiados.
Todo mundo batia palmas! Dona Terezinha estava emocionada e só dizia "que maravilha", que "coisa linda", o que é o progresso.
Nós nõ viámos nada de nada...
Dr. Bento suava a careca, mexendo botões e rodas que tinham na frente da tal de vitrola televisão e nada. Só barulho !
Então! Num relance mágico surgiu uma imagem composta por pontos brancos, cinzas e pretos que se mexiam! Ora para um lado. Ora para cima e para baixo. Mas a vibração foi geral, pois alguém gritou: Olha, é o Águia Negra !!! Ainda hoje eu acho que foi o Dr. Bento querenos nos seugestionar. Foi uma gritaria e um bater de palmas etrondoso.
Sinceramente, não vi nada! (Cheguei a pensar que precisava de óculos).
Mas então, finalmente veio a imagem e o som. Entre chiados, riscos e linhas horizontais que apareciam, assistimos extasiados o Águia Negra dar um soco em um cara mal encarado e s ecutar um ...
ZOOOMMMMMPPP
E a tal da vitrola desligou e ficamos todos aguardando o próximo convite para assistir televisão...